Em Campina Grande (PB), o Parque do Povo é cenário do Maior São João do Mundo. |
A regionalidade está no ar. Porque Junho tem um quê de magia que faz o Nordeste transbordar em referências da cultura ancestral. É o mês da natividade desta porção de terra brasileira que adotei como morada e onde as simbologias afloram para recordar o fio da meada com as origens. Tempo de colheita da terra e da alma. De celebração e reencontros ungidos pelo fogo, fé, ritos, mesa farta. Cores, músicas, danças, risos extravagantes e orações silenciosas estão no mesmo caldeirão das tradições. A fervura é a da miscigenação, da pluralidade dos povos, dos tons de pele, dos sotaques, dos costumes, do religioso e profano.
Difícil
de explicar como as festividades aguçam os cinco sentidos. Invadem corpo e
coração no misto dos cheiros, sabores, sensações e estampidos. A tríade dos santos católicos - Antônio, João e Pedro - toma assento no
mesmo espaço dos cultos pagãos em agradecimento à colheita, à fertilidade da mãe
Terra, ao alimento. Tudo é sagrado. Das bandeirolas e balões coloridos que se
agitam ao vento às fogueiras que conectam terra e céu através da fumaça que
incendeia o ambiente. Do banquete onde o
milho é protagonista ao xote, forró, xaxado e baião que exorcizam tristeza no
compasso da zabumba e gemido da sanfona. Os altares das igrejas e os palcos em
praça pública dividem reverências.
Testemunhar essa explosão cultural na cidade de Campina
Grande, na Paraíba, é um privilégio. Converto em aprendizado inesgotável
porque a cada ano tudo ressurge em novas perpectivas, como um caleidoscópio. Faço
uma imersão nos detalhes, nos códigos, nas entrelinhas e tramas que revestem festa
tão grandiosa. Respiro a identidade territorial onde habita e pulsa inspiração
para o design. A Poltrona Balão, a Cadeira Chita, a Poltrona Balaio e o Balanço
Bodocongó são crias dessa cultura fumegante. Oxalá ela não pare de arder e meu
olhar não perca o brilho, a centelha da criação.
[ English Text ]
[ English Text ]
Long Live to regionality,
to traditions
Regionality is in the air. Because
June has a trace of magic that made Northeast overflow in references of
ancestral culture. It is the month of nativeness of this portion of Brazilian
land I adopted with origins. Time of harvest of the land and soul. Of
celebration and meeting by the fire pit, faith, rites, dinner table full.
Colors, music, dances, extravagant loughs and silent prayers are in the same
cauldron of traditions. It boils miscegenation, plurality oh people, of skin
tones, of accents, of religious and profane.
It is hard to explain how
festivities sharpen the five senses. Invades body and heart, in the mix of
smells, flavors, feelings and noises. The triad of Catholic saints – Anthony,
John and Peter – takes seat at the same spot of pagan rituals to thank the
harvest, the fertility of Mother Earth, for the food. Everything is sacred. Of
flags and colorful balloons that are shaken by the wind, the fire pits that
connects earth and heaven through the smoke burning the ambient. Of the banquet,
which corn is the protagonist to ‘Xote’, ‘forró’, ‘xaxado’ and ‘baião’ that
exorcises sadness in pace of zabumba e moaning of the accordion. Those church
altars and open square stages divide obeisances.
Testify to this cultural
explosion in Campina Grande city, at
Paraíba, is a privilege. I convert in unstoppable learning because in each year
everything rises in a new perspective, like a kaleidoscope. I emerge in
details, in codes, between the lines and plots that cover such a great party. I
breath territorial identity where inhabits and pulses inspiration to design.
The Balão Armchair, the Chita Chair, the Balaio Armchair and Bodocongó Swing
are creations of this smoking culture. I hope is does not stop burning and my
look doesn’t lose shine, the spark of creation.
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