sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Quando o design aproxima

Barcelos, no Amazonas: o Rio Negro e a Floresta Amazônica emolduram a riqueza natural da cidade.
A distância geográfica soma 3.100 quilômetros. Uma linha reta que liga Campina Grande – cidade paraibana onde finquei morada – ao município de Barcelos (Amazonas). Sobre o mapa do Brasil o traçado quase conecta os extremos Leste e Oeste. Essa mesma distância cede à afetividade e encurta medidas, tornando-as mais estreitas e menos pertinentes. Abarrota os caminhos do coração com memórias, sorrisos largos, abraços apertados e sonhos estampados nos olhos dos artesãos indígenas e ribeirinhos que integram o Projeto Brasil Original – Artesanato Amazonas. Através da consultoria de design viabilizada pelo Sebrae, eles tornaram-se amigos, irmãos, parceiros na jornada da criação e no compartilhamento dos ofícios e saberes herdados dos antepassados.       

Barcelos é minha próxima parada na retomada da consultoria. Um porto onde me sinto seguro porque lá estou em casa, entre os meus. Já incorporei com clareza cada pedaço das margens do Rio Negro que me levam ao encontro das comunidades assistidas pelo projeto. Gravei com precisão a paisagem e detalhes que nem em sonhos podiam ser mais perfeitos. O nascer e pôr do sol; o canto dos pássaros; o barulho das árvores ao vento; os cheiros; a textura da floresta e o espelho d’água do rio e dos igarapés que reflete minha alegria em fazer do design uma ferramenta de transformação social.

Na cidade com status de primeira capital do Amazonas a piaçava é matéria-prima para o artesanato. Sua resistência confunde-se com a história e organização social de alguns povos da floresta. Na primeira imersão do Brasil Original a cor marrom, a flexibilidade e versatilidade da fibra - sob a habilidade técnica dos artesãos - incorporaram formas colhidas na natureza para objetos que seduziram o consumidor nas feiras de design e loja com o selo do projeto. A fruteira Vitória Régia é um dos ícones e inspira novos produtos com a digital da originalidade.

Nos próximos dias, a identidade que embala o design dos novos produtos elaborados com a piaçava sairá do papel pelo calor das mãos de Antônio e Dinalva, da etnia Tariana, Ângela do povo Baré e Sônia da tribo Baniwa. Mestres do artesanato amazonense que junto a outros nomes tenho o orgulho do convívio e das experiências partilhadas. Pessoas que carrego no peito com a reverência de família. Por elas nutro um sentimento de respeito, gratidão e proximidade. Nenhuma distância geográfica afasta isso.

[English Text]


When design approaches

The geographical distance is 3,100 kilometers. A straight line that connects Campina Grande - city of Paraiba where I settled my address - to the city of Barcelos (Amazonas). On the map of Brazil, the route almost connects the East and West extreme ends.This same distance gives affectivity and shortens measures, making them narrower and less pertinent. It fills the paths of heart with Indigenous and riverine craftsmen who make up the Original Brazil Project – Amazonas Craft. Through the design consultancy, made possible by Sebrae, they became friends, brothers, partners in the journey of creation and in the sharing of the trades and knowledge inherited from the ancestors.

Barcelos is my next stop in the resumption of consulting. A port where I feel safe because there, I feel I’m at home. I had incorporated, with clarity, each piece of the banks of the Negro River that lead me to meet the communities assisted by the project. I recorded the landscape and details that even dreams could not make them much perfect. The sunrise and sunset; the birds singing; the sound made by wind on the trees; the smells; the texture of the forest and the mirror of the river that reflect my joy in making design a tool of social transformation.

In the city first capital of Amazonas, piaçava is a raw material for handicrafts. Their resistance looks like the history and social organization of some forest peoples. In the first immersion of Brasil Original the color brown, the flexibility and versatility of the fiber - under the technical skill of the artisans - incorporates forms harvested from the nature for objects that seduced the consumer in the design fairs and stores with the stamp of the project. The Vitória Régia fruit tree is one of the icons and inspires new products with digital originality.

In the next few days, an identity that packs design of new products elaborated with piaçava, will go out of the paper by the hand warmth of Antônio and Dinalva, of Tariana ethnicity, Ângela from Baré people a Sônia of Baniwa Tribe. Masters of amazon handcraft, that with some other peoples, I have pride of the living and the shared experiences. People I carry on my heart with family reverence. For them I have a feeling of respect, gratitude and closeness. No geographic distance removes this.
A floresta e a cultura dos povos que nela habitam assinalam a identidade do Projeto Brasil Original.
Antônio, da etnia Tariana, é um dos mestres artesãos que trama a piaçava.
Fruteira Vitória Régia: piaçava como matéria-prima e trama de cultura ancestral.


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