Cabaceiras, na Paraiba: a riqueza da cultura regional está na paisagem, nos ofícios e tradições do artesanal. |
O Design traça destinos
e mapeia meus passos. Me desloco, descubro lugares e pessoas que formatam novos
horizontes dentro do processo criativo. Na conexão com os laços de
pertencimento apuro o olhar sobre o desenvolvimento de produtos e cada projeto
ganha contornos que ultrapassam estética e função. Percorro, continuamente, rotas
da regionalidade e me deparo com o fazer artesanal que guarda a essência da
nossa formação social, de um patrimônio material e imaterial que contrasta com o
tempo de inovação e novas tecnologias.
As estradas de barro e o
curso dos rios me conduzem a universos particulares, com auras únicas.
Transcendo urbanidades para abraçar a simplicidade congelada pelo tempo.
Encontro outras arquiteturas, paisagens, realidades, personagens, tons de pele,
representações simbólicas, ritos e sotaques. E sons, cheiros, sabores, costumes
e matérias-primas do entorno. Penso como todos estes elementos podem ser parte
do design que nasce no Estúdio e como cada peça pode armazenar códigos da
identidade brasileira resultante da miscigenação.
Aporto meus desejos nas
previsões de Lidewij Edelkoort. A holandesa especializada em antecipar
tendências mundiais e fundadora do bureau Trend
Union assinala a necessidade de conter a massificação global que nega os
regionalismos e sufoca as diferenças espaço-temporais. Estou às voltas com
perguntas que me guiam a fazer do design elo de conexão com os laços
identitários. Questões que me impulsionam a pensar na criação como porta para desvendar
e apresentar os vários mundos que abrigamos dentro do mesmo país, com tradições
e ofícios manuais que são ímpares.
Alimento o sonho de um
dia tornar a Paraíba – que adotei como território de morada e inspiração - sinônimo
de produtos feitos à mão de alta qualidade. Quero me cercar do artesanal e
fazer dele linguagem de universos particulares. Atravesso fronteiras para mergulhar na regionalidade e “humanizar os processos”, como sugere Li EdelKoort.
Anseio a parceria das comunidades artesãs para crescer junto à elas. Quero um
sonho compartilhado. Não vou só.
[English Text]
[English Text]
Regionality:
the more, the better
The Design
makes destinations and maps my steps. Travel, discovering the places and people
that formats new horizons within the creative process. In connection with the
bonds of belonging, I sharp my eyes with the glance at product development and
each project gets contours that go beyond aesthetics and function. I cross,
continually, regional routes and I come across the crafts that guards the
essence of our social training, a material and immaterial heritage, which contrasts
with a time of innovation and new technologies.
The dirt
roads and the course of the rivers leads to private universes, with unique
auras. I transcend urbanities to embrace simplicity frozen in time. Find other
architectures, landscapes, situations, characters, skin tones, symbolic
representations, rites and accents. More, sounds, smells, tastes, customs and
raw materials of the surroundings. I think how all these elements can be part
of the design that is born in the Studio and how each piece can store codes of
Brazilian identity arising from miscegenation.
I put my
wishes in Lidewij Edelkoort forecasts. The Dutch woman specialized in
anticipating world trends and the founder of Trend Union bureau, points out the
needs to contain the global mass that denies the regionalism and smothers the spatial-temporal
differences. I am turning around with questions that guide me to make the
design, a connecting link with identity bonds. Questions that drive me thinking
of creation as to unveil and present the various worlds that shelter in the
same country. Traditions and manual crafts are unmatched.
I feed the
dream of one day making the Paraíba – which I have adopted as my territory to
address and inspiration - a synonym for handmade products of high quality. I want
to surround myself with the handmade crafts and make it a private universes
language. I cross borders to dive on regionality and "humanize the
processes", as suggested by Li EdelKoort. I look forward to the
partnership of communities artisans to grow along them. I want a shared dream. I am not going
alone.