quarta-feira, 22 de junho de 2016

Vida longa à regionalidade, às tradições

Em Campina Grande (PB), o Parque do Povo é cenário do Maior São João do Mundo.

A regionalidade está no ar. Porque Junho tem um quê de magia que faz o Nordeste transbordar em referências da cultura ancestral. É o mês da natividade desta porção de terra brasileira que adotei como morada e onde as simbologias afloram para recordar o fio da meada com as origens. Tempo de colheita da terra e da alma. De celebração e reencontros ungidos pelo fogo, fé, ritos, mesa farta. Cores, músicas, danças, risos extravagantes e orações silenciosas estão no mesmo caldeirão das tradições. A fervura é a da miscigenação, da pluralidade dos povos, dos tons de pele, dos sotaques, dos costumes, do religioso e profano.

Difícil de explicar como as festividades aguçam os cinco sentidos. Invadem corpo e coração no misto dos cheiros, sabores, sensações e estampidos.  A tríade dos santos católicos  - Antônio, João e Pedro - toma assento no mesmo espaço dos cultos pagãos em agradecimento à colheita, à fertilidade da mãe Terra, ao alimento. Tudo é sagrado. Das bandeirolas e balões coloridos que se agitam ao vento às fogueiras que conectam terra e céu através da fumaça que incendeia o ambiente. Do banquete onde o milho é protagonista ao xote, forró, xaxado e baião que exorcizam tristeza no compasso da zabumba e gemido da sanfona. Os altares das igrejas e os palcos em praça pública dividem reverências.  

Testemunhar essa explosão cultural na cidade de Campina Grande, na Paraíba, é um privilégio. Converto em aprendizado inesgotável porque a cada ano tudo ressurge em novas perpectivas, como um caleidoscópio. Faço uma imersão nos detalhes, nos códigos, nas entrelinhas e tramas que revestem festa tão grandiosa. Respiro a identidade territorial onde habita e pulsa inspiração para o design. A Poltrona Balão, a Cadeira Chita, a Poltrona Balaio e o Balanço Bodocongó são crias dessa cultura fumegante. Oxalá ela não pare de arder e meu olhar não perca o brilho, a centelha da criação.

[ English Text ]

Long Live to regionality, to traditions

Regionality is in the air. Because June has a trace of magic that made Northeast overflow in references of ancestral culture. It is the month of nativeness of this portion of Brazilian land I adopted with origins. Time of harvest of the land and soul. Of celebration and meeting by the fire pit, faith, rites, dinner table full. Colors, music, dances, extravagant loughs and silent prayers are in the same cauldron of traditions. It boils miscegenation, plurality oh people, of skin tones, of accents, of religious and profane.

It is hard to explain how festivities sharpen the five senses. Invades body and heart, in the mix of smells, flavors, feelings and noises. The triad of Catholic saints – Anthony, John and Peter – takes seat at the same spot of pagan rituals to thank the harvest, the fertility of Mother Earth, for the food. Everything is sacred. Of flags and colorful balloons that are shaken by the wind, the fire pits that connects earth and heaven through the smoke burning the ambient. Of the banquet, which corn is the protagonist to ‘Xote’, ‘forró’, ‘xaxado’ and ‘baião’ that exorcises sadness in pace of zabumba e moaning of the accordion. Those church altars and open square stages divide obeisances.

Testify to this cultural explosion in  Campina Grande city, at Paraíba, is a privilege. I convert in unstoppable learning because in each year everything rises in a new perspective, like a kaleidoscope. I emerge in details, in codes, between the lines and plots that cover such a great party. I breath territorial identity where inhabits and pulses inspiration to design. The Balão Armchair, the Chita Chair, the Balaio Armchair and Bodocongó Swing are creations of this smoking culture. I hope is does not stop burning and my look doesn’t lose shine, the spark of creation.