Barcelos, no Amazonas: o Rio Negro e a Floresta Amazônica emolduram a riqueza natural da cidade. |
A distância geográfica soma 3.100 quilômetros. Uma linha reta
que liga Campina Grande – cidade paraibana onde finquei morada – ao município
de Barcelos (Amazonas). Sobre o mapa do Brasil o traçado quase conecta os
extremos Leste e Oeste. Essa mesma distância cede à afetividade e encurta medidas, tornando-as mais estreitas e menos pertinentes. Abarrota os
caminhos do coração com memórias, sorrisos largos, abraços apertados e sonhos
estampados nos olhos dos artesãos indígenas e ribeirinhos que integram o
Projeto Brasil Original – Artesanato Amazonas. Através da consultoria de design
viabilizada pelo Sebrae, eles tornaram-se amigos, irmãos, parceiros na jornada
da criação e no compartilhamento dos ofícios e saberes herdados dos
antepassados.
Barcelos é minha próxima parada na retomada da consultoria. Um
porto onde me sinto seguro porque lá estou em casa, entre os meus. Já
incorporei com clareza cada pedaço das margens do Rio Negro que me levam ao
encontro das comunidades assistidas pelo projeto. Gravei com precisão a
paisagem e detalhes que nem em sonhos podiam ser mais perfeitos. O nascer e pôr do sol; o
canto dos pássaros; o barulho das árvores ao vento; os cheiros; a textura da
floresta e o espelho d’água do rio e dos igarapés que reflete minha alegria em
fazer do design uma ferramenta de transformação social.
Na cidade com status de primeira capital do Amazonas a
piaçava é matéria-prima para o artesanato. Sua resistência confunde-se com a
história e organização social de alguns povos da floresta. Na primeira imersão
do Brasil Original a cor marrom, a flexibilidade e versatilidade da fibra - sob
a habilidade técnica dos artesãos - incorporaram formas colhidas na natureza
para objetos que seduziram o consumidor nas feiras de design e loja com o selo
do projeto. A fruteira Vitória Régia é um dos ícones e inspira novos produtos
com a digital da originalidade.
Nos próximos
dias, a identidade que embala o design dos novos produtos elaborados com a piaçava
sairá do papel pelo calor das mãos de Antônio e Dinalva, da etnia Tariana, Ângela
do povo Baré e Sônia da tribo Baniwa. Mestres do artesanato amazonense que
junto a outros nomes tenho o orgulho do convívio e das experiências partilhadas.
Pessoas que carrego no peito com a reverência de família. Por elas nutro um sentimento
de respeito, gratidão e proximidade. Nenhuma distância geográfica afasta isso.
[English Text]
In the next few days, an
identity that packs design of new products elaborated with piaçava, will go out
of the paper by the hand warmth of Antônio and Dinalva, of Tariana ethnicity,
Ângela from Baré people a Sônia of Baniwa Tribe. Masters of amazon handcraft,
that with some other peoples, I have pride of the living and the shared
experiences. People I carry on my heart with family reverence. For them I have
a feeling of respect, gratitude and closeness. No geographic distance removes
this.
[English Text]
When design approaches
The geographical distance
is 3,100 kilometers. A straight line that connects Campina Grande - city of
Paraiba where I settled my address - to the city of Barcelos (Amazonas). On the map of Brazil, the
route almost connects the East and West extreme ends.This same distance gives
affectivity and shortens measures, making them narrower and less pertinent. It
fills the paths of heart with Indigenous and riverine craftsmen who make up the
Original Brazil Project – Amazonas Craft. Through the design consultancy, made
possible by Sebrae, they became friends, brothers, partners in the journey of
creation and in the sharing of the trades and knowledge inherited from the
ancestors.
Barcelos is my next stop in
the resumption of consulting. A port where I feel safe because there, I feel
I’m at home. I had incorporated, with clarity, each piece of the banks of the Negro
River that lead me to meet the communities assisted by the project. I recorded
the landscape and details that even dreams could not make them much perfect.
The sunrise and sunset; the birds singing; the sound made by wind on the trees;
the smells; the texture of the forest and the mirror of the river that reflect
my joy in making design a tool of social transformation.
In the city first capital
of Amazonas, piaçava is a raw material for handicrafts. Their resistance looks like
the history and social organization of some forest peoples. In the first immersion of
Brasil Original the color brown, the flexibility and versatility of the fiber -
under the technical skill of the artisans - incorporates forms harvested from
the nature for objects that seduced the consumer in the design fairs and stores
with the stamp of the project. The Vitória Régia fruit tree is one of the icons
and inspires new products with digital originality.