sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Brasilidade na Maison & Objet, em Paris

Torre Eiffel, em Paris (Foto: reprodução)
O fio da cultura me traz à Maison & Objet, um dos mais importantes eventos internacionais do design e decoração. O convite me coloca na edição de Paris, no ciclo de conferências que entre os dias 22 e 26 de janeiro expõe o design que move o cenário mundial. Sob a perspectiva da criação pautada no entorno, na identidade local e no fazer artesanal carregado de minúcias, vou compartilhar com os designers Kenneth Cobonpue (Filipinas) e Gaël Manes (França) experiências que nos unem e nos tornam diversos - a um só tempo – pelo traço forjado nas nossas histórias e memórias.

Para esta conversa trago um elemento que aglutina e simplifica respostas às mais diferentes questões sobre o que inspira e reveste o meu processo criativo: a cultura é matéria-prima essencial. É o Brasil mestiço, da fusão dos povos colonizadores, que dá morada ao desenvolvimento das peças de mobiliário e decoração que sobrepõem forma e função com densidade simbólica. Bagagem material e imaterial resistente ao tempo e presente nas manifestações, artes e ofícios populares. A identidade brasileira é a bússola que orienta e sublinha o perfil do Estúdio com produtos que celebram o feito à mão, os saberes ancestrais, o calor humano, a regionalidade contida nas formas, cores e texturas.

Quero referendar como as técnicas artesanais revestem a nossa produção e como o Estúdio – de forma permanente - alarga horizontes e amplia contatos com artesãos que detêm saberes herdados de seus antepassados. O processo produtivo está alicerçado na troca de experiências. É mais que executar formas. Constitui uma imersão na realidade local, na atmosfera que envolve cada etapa com histórias de quem deixa na peça o olhar cuidadoso, o calor das mãos. O produto final é narrativa. Conta recortes da nossa formação social e histórica, exalta materiais do entorno e do cotidiano, ressuscita laços de pertencimento. A originalidade é a brasilidade, o valor patrimonial. 

[English Text]


Brazilianness at Maison & Object in Paris

The culture wire brings me to Maison & Objet, one of the most important design and decoration international event. The invitation puts me in Paris, in the cycle of conferences between 22 and 26 January exposes the design that moves the world. From the perspective of creation based on the environment, on local identity and do craft loaded with minutiae, I will share with the designers Kenneth Cobonpue (Philippines) and Gaël Manes (France) experiences that unite us and make us different, by the trace forged in our stories and memories.

For that conversation, I brought an element that unites and simplifies answers to many different questions about what inspire me and is my creative process: the culture is an essential raw material. Brazil is mestizo, from the merge of settlers peoples, which address the development of pieces of furniture and decoration that overlap form and function with symbolic density. Material and immaterial luggage, which resists the weather and presents in demonstrations, arts and crafts. The Brazilian identity is the compass that guides and underlines the Studio profile products that celebrate the handmade, the forgotten ancestors, and the warmth, the regionality contained in the shapes, colors and textures.

I want a referendum on how artisanal techniques are our production and as the Studio, permanently, broadens horizons and expands contacts with artisans who holds knowledge inherited from their ancestors. The production process is based on Exchange of experiences. It's more than execute forms. Is an immersion in the local reality, in the atmosphere that involves each step with stories of who leaves in the play the careful look at, the heat of your hands. The final product is narrative. Account of our social training clippings and historical materials of the surroundings and exalts the everyday, resurrects ties of belonging. Originality is the Brazilian way, the heritage value.
A Maison&Objet é um dos mais influentes eventos internacionais do design e decoração.
A Poltrona Balão exalta a identidade regional e o feito à mão que pauta o conteúdo da nossa palestra.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cenografia no tom da cultura

O algodão colorido é trama e tom da cenografia do Salão de Artesanato da Paraíba.


O algodão colorido orgânico é o fio condutor. A pluma que já nasce em tons terrosos empresta seu valor patrimonial à cenografia do XXIII Salão de Artesanato da Paraíba. O projeto idealizado pelo Estúdio Sérgio J. Matos faz uma intrincada tessitura de elementos que remetem à cadeia produtiva, desde os campos áridos do agreste do Estado ao fabrico de têxteis com representação expressa nos teares de engrenagem artesanal.

O ponto de partida conceitual da cenografia rememora o ciclo do “ouro branco” na história econômica e social do Nordeste, onde a Paraíba desempenhou papel de relevância no século passado. É o passaporte para adentrar no universo da recente ascensão do algodão colorido como símbolo de sustentabilidade e matéria-prima de produtos do novo luxo no mercado internacional. A inspiração está ancorada no valor patrimonial do produto - com certificação de Indicação Geográfica concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) - e cultiva referências culturais, históricas e territoriais que o tornam genuinamente paraibano. 

A ambientação do hall de entrada convida a uma imersão na trama do algodão colorido. Fios entrecruzados revestem o teto e as paredes laterais e simulam uma grande peça têxtil recém saída do tear exposto na porta principal. No jogo de luz e sombra, manequins flutuam com a coleção da marca Natural Cotton Color. Na área de descanso, a atmosfera é a dos antigos armazéns de algodão. As sacas de plumas empilhadas dão vida a sofás e a iluminação intimista traduz aconchego.

Como em um caminho inverso ao da cadeia de produção, o roteiro do Salão termina na plantação imaginária do algodão, onde galhos vermelhos suspensos cobrem a praça de alimentação. É o espaço para as coisas que brotam da terra, que têm sabor de cultura e alimentam corpo e alma com histórias e saberes ancestrais. Coisas de gente genuína e de fibra, como o próprio algodão que dá o tom à cenografia do maior evento da arte popular na Paraíba. 

[English Text]


Scenography at the culture tone

The colorful organic cotton is the guiding wire. The plume that is born in earthy tones lends its heritage value to the scenography of the Paraíba Craft Salon XXIII. The project conceived by Sergio J. Matos Studio makes an intricate mixture of elements that refer to the production chain, from the arid fields of the State the manufacture of textiles with representation expressed in artisanal gear looms.

The conceptual starting point of the exhibition design recalls the cycle of "white gold" in economic and social history of the Northeast, where the Paraiba played a role of relevance in the last century. Is the Passport to enter the universe of the recent rise of colorful cotton as a symbol of sustainability and raw material for new products in the international market. The inspiration is anchored in the equity value of the product - certification of geographical indications granted by the National Institute of Intellectual Property (INPI) - and nurtures cultural, historical and territorial references that make it genuinely Paraíba born.

The ambiance of the lobby invites you to an immersion into the colorful cotton plot. Interwoven strands lining the ceiling and sidewalls, simulating a large textile piece fresh, out of the loom above the front door. In a game of light and shadow, dummies floating with the collection of Natural Cotton Color mark. At the rest area, the atmosphere is that of the old cotton warehouses. The bags of pilled plumes give life to sofas and intimate lighting translates coziness.

Like in an inverse path of the production chain, the script of the Saloon finishes on the imaginary plantation of the cotton, where suspended red branches cover the food court. It is the place of the things that springs from the earth, which has the flavor of the culture and feed body and soul with stories and ancestral knowledge. Things of genuine and fiber people, like the same cotton fiber, making the tone of scenography of the main event of popular art of Paraíba.
Manequins flutuam com coleção de roupas produzidas com o algodão colorido da Paraíba.
As sacas de algodão, como em um antigo armazém, dão vida aos sofás da área de descanso.
Na área de descanso as luminárias com fio de algodão colorido criam ambiente intimista.
Os galhos vermelhos suspensos no teto da praça da alimentação simulam campos de algodão.