terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Nossa trama mais elaborada é a humana


Gracinha, artesã que realiza os produtos da coleção Balaio de Cores.

O ano chega ao fim e a gente só tem motivos para celebrar. Olhamos para cada mês, semana e dias que fizeram a trama do Estúdio Sergio J. Matos e o sentimento é de satisfação. Nesse tempo transcorrido há muito mais que o término de um ciclo marcado pelo reconhecimento do design com identidade brasileira. Há momentos. Uma teia deles que conecta encontros, colaboração, parcerias. Somos uma equipe. Fios que se cruzam harmoniosamente na composição do trabalho que acaba de completar quatro anos e ocupa espaços pelos quatro cantos do Brasil e além de suas fronteiras.

O Estúdio transcende a assinatura que remete ao design com memória e tradição. É feito de laços que unem uma rede colaborativa que começa nas pesquisas, nos rabiscos sobre a mesa, nas conversas que ajustam projetos. São trocas de ideias, de experiências que concretizam produtos que para além da função narram histórias da nossa cultura e levam o calor das mãos que projetam, forjam, moldam, estruturam, tramam, soldam, pintam, embalam... Da concepção à finalização e destino das peças todos que integram a equipe têm seu papel e importância. Em nome do Sr. Antônio que executou o primeiro produto – o Banco Xique-Xique – e do Sr. Geraldo que ata as linhas da nossa história no cotidiano faço reverência às habilidades de cada um. 

Tenho orgulho de afirmar que entre tantas tramas têxteis que traduzem a identidade do que fazemos, a mais elaborada e rica é a humana. A todos que são parte dessa tessitura, incluindo aqueles que estiveram de passagem, minha gratidão: Antônio, Geraldo, Francisca, Ritinha, Gracinha, Jane, Glaucia, Alba, Ana Cristina, Ana Maria, Iris, Fabiana, Ledson, Val, Bira, Márcio, Alexandre, Adriano, Gilvan, Rennan, Suelly, Carol, Diogo, Lúcia, Danielle, Demilton, Renato, Isabela, Jéssica, Luciana, Rita de Cássia, Pedro, João, Rafaela e Paulo.
Equipe do Estúdio Sérgio J. Matos na execução do Tapete Marakatu By Kamy. 
Rennan: assistente de Design nos projetos do Estúdio.  

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Nosso design rodopia no MAM

Roda Pião: luminária desenvolvida pelo Estúdio Sérgio J Matos para os colecionadores do MAM.

Na magia que embala dezembro, nosso design rodopia no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Integramos com muito orgulho a seleção de designers que participam da Edição 2014 do Clube dos Colecionadores do MAM, com curadoria de Marcelo Rosenbaum. A luminária Roda Pião - elaborada artesanalmente a partir do brinquedo cônico de madeira e ponta metálica - resgata o lúdico, a brincadeira de rua e as memórias que giram no eixo da infância de tantas gerações. A simplicidade da peça reside na conexão dos piões que remonta a uma pilha deles em equilíbrio. Convida a pensar que a criatividade inusitada de uma criança deu nova função ao objeto após esgotar o interesse em torno do propósito original, do giro acionado pelo desenrolar de um cordão.  

A produção de uma centena de luminárias pelo Estúdio Sérgio J. Matos será entregue pelo MAM aos sócios do clube com certificado de autenticidade. Um exemplar fica incorporado à coleção permanente do museu. A iniciativa da instituição fomenta o colecionismo ao mesmo tempo que impulsiona a produção artística nacional. A formalidade da associação é anual e concede o direito a cinco obras comissionadas pelo museu a cada edição. Peças dos renomados designers Zanini de Zanine, Fernando Maculan, Andrea Bandoni e Guilherme Wentz também serão parte de acervos daqueles que são fãs de carteirinha do design com identidade bem brasileira.

[English Text]

Design whirls at MAM

The magic that embrace December, our design whirl at the Modern Art Museum of São Paulo. We integrate with proud the selections of designers who participates of t 2014 Edition of The Collectors Club of MAM, curated by Marcelo Rosenbaum. The luminaire RodaPião – handmade design from the tapered wooden toy and metal tip, the whipping-top – rescues the playful, street play and the memories that turn the shaft of the childhood of so many generations. The simplicity of the piece lies in the connection of tops that goes back to a stack of them in balance. Calls to think that the unusual creativity of a child gave new function to the object after running out of interest around the original purpose, turning triggered by the unwinding of a cord.

The production of a hundred lamps at Studio Sergio J. Matos will be delivered by MAM club members with certificate of authenticity. A copy shall be incorporated into the permanent collection of the museum. The initiative of the institution encourages hoarding while driving the national artistic production. It is an annual formality from the association and grants the right to five works commissioned by the museum in every edition. Pieces of renowned designers Zanini of Zanine, Fernando Maculan, Andrea Bandoni and William Wentz will also be part of the collections of those who are die-hard fans of the design with well-Brazilian identity.

Os piões são matéria-prima carregadas de memórias da infância.
 A simplicidade da luminária reside na conexão dos piões.



sábado, 13 de dezembro de 2014

Um Brasil Original, feito à mão

No Projeto Brasil Original, parceria do Sebrae/AM e do Estúdio Sérgio J. Matos, a riqueza do artesanal. 

O Rio Negro me trouxe de volta a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Tenho os olhos cheio d’água. Não consigo conter a emoção com a acolhida, com o aprendizado e as histórias que embalam cada uma das artesãs do Projeto Brasil Original, parceria do Sebrae Amazonas e do Estúdio Sérgio J. Matos. Nesta segunda etapa para execução dos produtos, deixei de ser um estranho no ninho dessa imensa floresta que abraça a cidade. Há sorrisos abertos, olhos que brilham e assentem nas conversas que pouco a pouco são mais soltas e envolventes, revelando porções generosas das pessoas que são parte deste convívio temporário e tão intenso.

Os dias são presentes. É como desfazer o laço de uma embalagem vistosa a cada alvorada. Essa fase do projeto é uma verdadeira imersão nos saberes dos povos que aqui habitam. Me sinto especial ao testemunhar a artesã Maria acender o fogo para tingir fibras de Tucum com plantas colhidas do seu quintal. Uma cartela de 27 cores naturais obtidas com técnicas que atravessam gerações. Acompanhar, sem pestanejar, a habilidade de Gilda e Margarida na trama dessas mesmas fibras que formatam os produtos inspirados no desenho da folha de Uambé (planta típica da região amazônica) é também uma experiência ímpar. Estou às voltas com guerreiras da etnia Baré. Maria das Dores, Maria das Graças, Bete, Esther, Gilda, Margarida... Elas que tecem um Brasil Original, que acreditam na arte, que respeitam a floresta, que cultivam ritos e se orgulham da identidade que carregam. Só tenho a agradecer por estar aqui e digo isso em Nheengatu, a língua nativa: Kuekatureté.

[English Text]

Original Brazil, handmade

The Negro River brought me back to São Gabriel da Cachoeira, in Amazonas. I have eyes filled with tears. I can not contain my emotion with their welcome, with learning and the stories that pack each of Brazil Original Project artisans, partnership Sebrae Amazon and Sergio J. Matos Studio. In this second fase to execution of products, I stopped being a stranger of this huge forest that embrace the city. There is open smiles, eyes that shines and settle in conversations that little by little are more loose and engaging, revealing generous portions of people who are part of this temporary and so intense experience.
The days are just like gifts. Is like undo a nod of a beautiful package of every dawn. This stage of the project is a true immersion in the knowledge of the people who live here. I feel special to witness the artisan Maria light the fire to dye Tucumán fibers with plants from your yard. A pack of 27 natural colors obtained with techniques that cross generations. Looking without blinking, the ability to Gilda and Daisy in the plot of those fibers that shape the products inspired by the design of the Uambé sheet (typical plant of the Amazon region) is also a unique experience.I'm dealing with warriors of Baré ethnicity. Maria das Dores, Maria das Graças, Bete, Esther, Gilda, Margarida... They are weaving a Original Brazil, who believe in art, that respect the forest, farming rituals and are proud of the identity they carry. I can only thank you for being here and I say this in Nheengatu, the native language: Kuekatureté.

Grupo de artesãs tece fibras naturais para a confecção dos produtos. 


Da etnia Baré, Maria tinge a fibra do tucum com pigmentos naturais.

             Olhares atentos e mãos habilidosas na trama do artesanato com a identidade dos povos da floresta
 . 
  



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Design é mais que forma e função

Turma da pós-graduação em Design e Arquitetura de Espaços Efêmeros do IESP (Foto: acervo DAEE).

Quando você compartilha conhecimento abre suas portas de andanças, de memórias, de experiências abarrotadas de emoções. Divide seu olhar com o outro, suas perspectivas de enxergar o mundo, de posicionar-se nele para contribuir com a transformação que a dinâmica da vida em sociedade exige. Ensinar é uma maneira de seguir aprendendo; é troca e questionamento sobre o que já se julgava certo e completo. Essa transferência mútua de saberes está bem fresca com as aulas que acabo de lecionar junto à turma de Pós-graduação em Design e Arquitetura de Espaços Efêmeros (DAEE), do Instituto de Educação Superior da Paraíba-Iesp.


No módulo "História do Design Brasileiro e Contemporâneo", a teoria expandiu caminhos à experimentação. Conduzi os alunos à uma imersão na feira livre de Campina Grande. Partilhei com eles um dos meus territórios de inspiração favoritos pela carga de identidade e cultura regional presente nos objetos que integram o cotidiano. Artefatos impregnados de códigos e simbologias que traduzem modos e costumes. Pude referendar que design é muita mais que forma e função e que tem a ver com o sentir, tocar e ouvir histórias. Para o laboratório que aconteceu no Estúdio Sérgio J. Matos os estudantes exercitaram a ideia de que os materiais vão além dos mostruários da indústria e que a criatividade transcende o óbvio.  

[English Text]

Design is much more than form and function

When you share knowledge, you open your doors of walking, of memories, of experiences filled with emotions. Divides your look with each other, your perspectives of seeing the world, getting a position to contribution of the transformation, which guides us in society demands. To teach is a way of learning; is sharing and questioning about what has thought right and complete. This mutual transfer of knowledge is fresh with the lessons I taught by the Graduate class in Design and Architecture of Ephemerous Space, of Superior Education Institute of Paraíba-IESP.

In the module "History of Design and Contemporary Brazilian", the theory expanded paths to trial. I led students to an immersion in the street fair of Campina Grande. Shared with them one of my favorites places of inspiration by the load of identity and regional culture present in objects that are part of everyday life. Artifacts impregnated with codes and symbols, translating manners and customs. I could endorse that Design is much more than form and function and has to do with feeling, touching and listening stories. To the Lab that happened in Sergio J. Matos Studio, the students exercised the idea that the materials go beyond the industry showcases and that creativity transcends the obvious. 

Aula do Módulo "História do Design Brasileiro e Contemporâneo". (Foto: acervo DAEE)

Feira livre de Campina Grande: laboratório de pesquisa e inspirações. (Foto: acervo DAEE)
Da inspiração à prática na criação de peças com identidade brasileira. (Foto: acervo DAEE)

Celebração do fim do módulo com o design que evoca memória e tradição. (Foto: acervo DAEE)